Paula Rosa
Usado pelos brasileiros como um dos principais condimentos para dar
sabor à comida, o sal é um inimigo perigoso e impacta silenciosamente na
saúde. Isso porque ao entrar no organismo, o cloreto de sódio, nome
científico do sal, atrai e absorve moléculas de água, provocando
retenção hídrica. O problema é o consumo em excesso.
Para equilibrar a falta de água e aumentar o fluxo de sangue
circulando, o corpo eleva a pressão arterial e sobrecarrega os vasos que
se contraem para diminuir o fluxo sanguíneo e reestabelecer o estado
habitual.
“Em longo prazo, o excesso de sal pode
aumentar a resistência dos vasos e levar a uma série de doenças graves
como: hipertensão, problemas renais, acidentes vasculares”, explica o
cardiologista Luiz Bortolotto, diretor da Unidade Clínica de Hipertensão
do InCor (Instituto do Coração do Hospital das Clínicas da FMUSP).
A Organização Mundial de Saúde (OMS)
recomenda a ingestão diária de, no máximo, 5g de sal ou sódio, o que
equivale a uma colher de chá de sal. No Brasil, a média de consumo
ultrapassa o dobro: cerca de 12 gramas consumidas por dia.
O exagero de sal está relacionado ao aumento no risco de Doenças
Crônicas Não Transmissíveis (DCNT), como hipertensão arterial, doenças
cardiovasculares e doenças renais. As DCNT são responsáveis por 63% dos
óbitos no mundo e 72% dos óbitos no Brasil.
Segundo o Ministério da Saúde, em 2014, aproximadamente 25% dos brasileiros já apresentavam quadro de hipertensão arterial.
O fato é que exagerar na quantidade de ingestão de sódio é mais fácil
do que aparenta. Além do saleiro, o sódio está presente na maioria dos
alimentos industrializados, por causa de suas propriedades de
conservante e aromatizante.
Um pacote de macarrão instantâneo, por exemplo, tem cerca de 1,6 g de
sódio. Uma lasanha congelada, quase 3,5 gramas. Aqueles caldos prontos,
possuem 5 gramas de sal. E, sabe o saboroso pãozinho do dia-a-dia? Tem 1
grama. Mas, além da qualidade dos alimentos, é preciso ficar alerta na
quantidade de consumo por dia.
“Às vezes, a pessoa nem come muito sal, mas, se consome cinco pães
por dia, por exemplo, já atingiu a quantidade recomendada, ou seja, o
sal dos outros alimentos que ela consumirá no restante do dia, entra no
organismo como excesso”, relata o especialista.
Para evitar os excessos, adote alimentos e temperos frescos, como
orégano, alecrim, hortelã, cebola, tomate, azeite, vinagre na preparação
da comida; preste atenção no rótulo dos produtos, evitando os que
possuem maior quantidade de sódio, e, elimine de vez o saleiro da mesa.
“É tudo uma questão de hábito. A gente vê nos restaurantes as pessoas
colocando sal nas saladas sem nem experimentar. É preciso pensar em
alternativas mais naturais. Quanto mais natural, o alimento se torna
mais saudável”, finaliza o cardiologista.
Vale lembrar que as pessoas “treinam” suas papilas gustativas para
receber o paladar. Assim, a educação para pouco sal deve ser uma
preocupação dos pais desde a infância de seus filhos.
Revisão técnica
Prof. Dr. Max Grinberg
Núcleo de Bioética do Instituto do Coração do HCFMUSP
Autor do blog Bioamigo
Fonte: http://coracaoevida.com.br/dia-a-dia/sal-o-vilao-silencioso-da-saude/
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