O número de ações criminosas contra unidades bancárias e postos de
atendimento dos Correios no Rio Grande do Norte já chega, somente este
ano, a 148 unidades visitadas pelas quadrilhas, que a cada dia desafiam
ainda mais as forças policiais do Estado.
Dados obtidos junto a sindicatos e assessorias de imprensa dos bancos e
Correios mostram ainda outro lado mais preocupante ainda: a integridade
física dos funcionários, principalmente os dos Correios, que tem
aproximadamente 200 pessoas em tratamento psicológico para superar
traumas e outros 30 afastados em decorrência dos assaltos que acontecem
com frequência.
Outro fator preocupante, que a reportagem do O Mossoroense tomou
conhecimento junto às assessorias das instituições pagadoras, é a
preferência das quadrilhas por cidades pequenas, principalmente no
Seridó e região Oeste, onde as forças policiais são reduzidas,
contribuindo assim para a alarmante onda de assaltos.Polícia registra 37
explosões a agências bancárias em cidades potiguares
Números obtidos com a Polícia Militar apontam que no RN, este ano, 37
agências bancárias já foram explodidas ou violadas. O último caso
aconteceu na madrugada de terça-feira (29), em Guamaré, onde a agência
do Banco do Brasil foi detonada por uma quadrilha.
O bando usou dinamite para explodir e saquear os terminais eletrônicos. O
uso de explosivos, de acordo com a PM, foi registrado em 15 ataques
este ano.
O comando-geral da PM no Estado, por meio do coronel Francisco Araújo
Silva, comandante da corporação, explicou à imprensa da capital que a
ousadia dos bandidos vai além dos explosivos. "Outros 20 terminais foram
arrombados com uso de maçaricos. E, em duas ocorrências, os criminosos
usaram dispositivos eletrônicos para causar um curto-circuito no
mecanismo do caixa, fazendo com que o terminal liberasse as cédulas",
destacou.
Os dados revelam que o número de ataques a bancos neste ano aumentou em
relação ao ano passado. Em 2012, os suspeitos usaram maçarico em 15
ataques e explosivos em outros nove casos.
Para o coronel Araújo, a PM permanece atenta para evitar novas ações
criminosas desta natureza. "Esta é uma preocupação permanente da Polícia
Militar. No entanto, os bancos, como instituição financeira, têm
obrigação de cuidar de seus patrimônios, com investimento em medidas
preventivas de segurança, inclusive na defesa de seus clientes",
concluiu.
Agências bancárias explodidas ou violadas:
37
Postos dos Correios assaltados
111
Cidades recordistas em assaltos
Vera Cruz (4)
Serra do Mel (3)
Governador Dix-sept Rosado (3)
Caraúbas (3)
Baraúna (2)
Falta de vigilância nos postos dos Correios do interior contribui para os assaltos, diz gerente
A reportagem do O Mossoroense conversou com um gerente dos Correios que,
por medo de represália, preferiu não se identificar. Ele explicou que a
maior parte dos assaltos a Correios, no interior do RN, se dá devido à
falta de vigilância e a parceria que a unidade tem com o Banco do
Brasil.
"Nós somos uma agência bancária sem vigilância ou desprovida de qualquer
outro tipo de segurança. A parceria com o Banco do Brasil retrata um
avanço para a população, porém um perigo para os postos do interior.
Depois que passamos a atuar com a parceria o número de assaltos
triplicou", explicou o gerente.
A assessoria de imprensa dos Correios informou que aproximadamente 110
agências foram assaltadas este ano em todo o Estado. As líderes em
assaltos são: Vera Cruz, Serra do Mel, Governador Dix-sept Rosado,
Caraúbas e Baraúna, todas elas já foram, no mínimo, assaltadas três
vezes este ano.
A assessoria disse que os Correios investiu em segurança este ano R$ 4 milhões para combater as ações criminosas.
Funcionários dos Correios sentem dificuldades de retornar o trabalho depois de um assalto
Os Correios do RN têm aproximadamente 200 funcionários em tratamento com
psicólogos e uma média de 30 afastados de suas funções por causa dos
assaltos. A informação foi repassada pela Assessoria Nacional dos
Correios, em Brasília (DF), que monitora todo o território.
Uma funcionária, que está afastada de suas funções, contou ao O
Mossoroense que não consegue voltar ao trabalho depois de ter sido
vítima de seis assaltos, no intervalo de um ano e meio.
"Não tenho condições físicas e nem psicológicas para trabalhar. Quando
penso em voltar ao trabalho me dá um medo tão grande, que em muitas
vezes vou parar no hospital", destacou.
Ela conta que em um dos assaltos os bandidos a levaram como refém e a
soltaram em um matagal. "Quando fui encontrada pela polícia estava em
surto e até hoje não me lembro como cheguei em casa", concluiu.
fonte: O Mossoroense
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